No novo episódio do Dadocracia, podcast oficial da Data, João Paulo Vicente entrevista Letícia Cesarino, antropóloga, professora da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e autora do livro ‘O Mundo do Avesso — Verdade e política na era digital’. Durante a conversa, Letícia fala sobre o impacto das redes sociais e do ambiente digital no surgimento de novos intermediários sociais e candidatos que atuam de modo antiestrutural em relação à democracia. Além de discutir ainda o impacto dessas figuras no aumento da violência política.

Uma pesquisa do Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) apontou que os números da violência dobraram em comparação com 2020. São casos que aconteceram em todo o país, foram 35 homicídios considerando pré-candidatos, candidatos e familiares e uma aparente degradação desse cenário eleitoral.

Foram diversos exemplos de violência que fogem de ataques na internet, extrapolando o ambiente digital. Mas é possível estabelecer uma correlação entre esse cenário nas redes para o aumento da violência política como um todo? Para Letícia, a questão da violência é algo que precisa ser analisado com cautela nesse momento pós-eleição. Ela traz como exemplo, o caso do candidato a prefeitura de São Paulo Pablo Marçal que foi agredido com uma cadeira em um debate na TV e como o candidato lidou com isso nas redes sociais:  

“Teve essa questão da cadeirada ele (Marçal) tentou comparar inclusive com a facada. A impressão que se dá é que, de fato, o bolsonarismo raiz era mais violento verbalmente. Tivemos eventos de violência offline também bastante pesados em 2022, como o assassinato de Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu. Agora, o Marçal, obviamente trabalha com a produção de uma atmosfera de uma violência potencial também em um nível bem mais baixo. Mas isso pode ser até mais insidioso, em um certo sentido”. 

Leticia enfatiza também que um dos principais agravantes tem sido a desumanização dos adversários, entre brincadeiras e apelidos que podem gerar cenários mais graves, como analisa, “é uma deslegitimação do seu oponente, às vezes uma desumanização dele, mais da brincadeira do sarcasmo, mas que é uma etapa prévia a essa possibilidade de uma radicalização. Porque é isso a troca do código da brincadeira para a ameaça, da brincadeira para a guerra, para a violência. Ela é muito sutil”. 

O episódio aborda ainda o papel da imprensa em normalizar essas figuras, além de discutir sobre a arquitetura algorítmica das plataformas e sobre a regulamentação das plataformas, das redes sociais. Para saber mais sobre o tema e ouvir a conversa completa, ouça o novo episódio do Dadocracia “Eleições: Entrevista com Letícia Cesarino sobre violência política e redes sociais”, já disponível para escuta nas principais plataformas de áudio. Ouça agora!

O roteiro deste episódio é de João Paulo Vicente. A produção é de Alicia Lobato e Pedro Henrique Santos. A edição de som é da Vega Films. 

E se você tiver alguma pergunta ou sugestão, pode enviar sua mensagem para o [email protected]

 

 

Veja também

Veja Também