Por Carla Rodrigues, Eduardo Mendonça e Natasha Nóvoa

A IA já está no Judiciário – e agora?

A Inteligência Artificial (IA) já faz parte do sistema de justiça. Ferramentas algorítmicas otimizam a digitalização de processos, o acompanhamento processual e até mesmo audiências remotas. No entanto, com essa inovação surgem desafios urgentes: como garantir que a IA respeite os direitos fundamentais sem comprometer a justiça? Como evitar decisões enviesadas e algoritmos opacos capazes de perpetuar desigualdades? Como equilibrar a busca por eficiência com a necessidade de transparência e accountability?

Para enfrentar essas questões, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, em fevereiro de 2025, uma nova resolução sobre o uso da IA no Judiciário. Essa regulamentação substitui a Resolução CNJ nº 332/2020 e traz novas orientações e diretrizes relacionadas à estrutura de governança, desenvolvimento e aplicabilidade das ferramentas da IA nos tribunais.

Na nossa Contribuição fizemos recomendações para assegurar o uso da IA de forma ética e segura, bem como sugerimos meios de mitigação de riscos que exigem a supervisão humana durante os processos de desenvolvimento, aplicação e monitoramento dessas tecnologias. Focamos tanto nos aspecto principiológico, que reforça os direitos fundamentais constitucionais, como no aspecto procedimental, que aprofunda ferramentas de Governança para o uso mais eficiente da IA.

Desse modo, entendemos que a nova norma representa um avanço significativo na governança da IA ao garantir que a sua aplicação esteja alinhada com valores democráticos, bem como à proteção dos direitos fundamentais e à transparência do processo judicial. Mas, afinal, o que exatamente mudou?

As principais mudanças da nova regulamentação

A resolução define diretrizes explícitas para o desenvolvimento, governança, auditoria e uso responsável da IA, com foco na transparência, explicabilidade e controle de riscos.

Entre as inovações mais relevantes, destaca-se a criação do Comitê Nacional de Inteligência Artificial do Judiciário, órgão responsável por monitorar e atualizar as diretrizes sobre o uso da tecnologia no Judiciário. O comitê tem a missão de avaliar e classificar os riscos das soluções tecnológicas, garantindo sua conformidade com padrões éticos e legais.

A classificação dos sistemas em baixo e alto risco permite um acompanhamento mais rigoroso e ajustado a cada tipo de aplicação:

“As soluções de alto risco deverão ser submetidas a processos regulares de auditoria e monitoramento contínuo para supervisionar seu uso e mitigar potenciais riscos aos direitos fundamentais, à privacidade e à justiça.” (Art. 11, §1)

Outro avanço fundamental é o fortalecimento da transparência e publicidade no uso da IA, com a exigência de relatórios públicos que informem os jurisdicionados sobre sua aplicação nos processos judiciais. Isso contribui para a confiança no sistema judicial, conforme destaca o texto:

“a transparência, a eficiência, a explicabilidade, a contestabilidade, a auditabilidade e a confiabilidade das soluções que adotam técnicas de inteligência artificial.” (Art. 3º, §1)

Essas mudanças não são apenas técnicas – elas redefinem o papel da IA no Judiciário e seu impacto na sociedade, promovendo maior segurança jurídica e eficiência no uso dessas tecnologias alinhadas aos princípios éticos e aos direitos dos cidadãos. Enquanto a introdução de diretrizes e mecanismos de monitoramento contínuo busca assegurar que a IA seja aplicada de forma responsável e transparente.

Avanços e novas diretrizes para o uso da IA

A nova resolução do CNJ estabelece parâmetros claros para o desenvolvimento, governança e supervisão de soluções de IA no Judiciário. Para conferir os principais avanços e saber mais sobre a contribuição realizada pela Data, confira o artigo completo, onde é possível entender mais sobre como a nova regulamentação estabelece medidas rigorosas para evitar vieses discriminatórios e garantir que a IA contribua para um julgamento mais justo; a classificação de riscos e restrições ao uso de IA e a avaliação de Impacto Algorítmico. Além de entender o contexto da atualização normativa e quais foram as principais contribuições da Data na Audiência Pública.  

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