No último dia 25 de março a Data Privacy Brasil, com apoio do Instituto Lafer, promoveu o 1º Encontro de Discussão Câmeras Corporais: Parâmetros para o uso secundário de dados, no Centro de Ciências Jurídicas e Políticas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 

O evento teve como objetivo a capacitação e debate técnico para promoção do uso de tecnologias por órgãos de segurança pública, orientados pela qualidade, eficiência e o devido processo, mitigando potenciais riscos no tratamento de dados pessoais realizados por agentes de segurança pública.

Equipe do projeto e policiais militares participantes do encontro.

 

Na ocasião foram apresentados os resultados preliminares da pesquisa de mesmo nome, que analisou informações públicas provenientes de editais de contratação, normas, procedimentos e protocolos de utilização das câmeras corporais emitidas pelas polícias militares dos sete estados estudados pelo projeto: Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.

A atividade realizada no formato Chatham House foi restrita a convidados e contou com a participação de policiais militares de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rondônia, que contribuíram com suas perspectivas a respeito dos tópicos discutidos. 

A proteção de dados foi a condutora para apresentação da análise jurídica desenvolvida pelo projeto a respeito da aplicabilidade do direito fundamental ao tratamento de dados pessoais realizados por órgãos de segurança pública, através das câmeras policiais e equipamentos complementares. 

Aspectos como orçamento e disponibilidade financeira foram indicados como condicionantes das capacidades técnicas para acolher demandas como armazenamento das informações, compartilhamento de dados e divisão de responsabilidades com os demais atores do sistema de justiça, como a Defensoria, Ministério Público e Juízes. 

Os participantes dividiram suas impressões a respeito da proteção de dados como um elemento transversal ao ciclo das políticas públicas que visam à utilização das câmeras corporais, evidenciada através da menção direta à legislação nos documentos públicos estudados pela pesquisa. Ressaltaram que a ausência de norma específica de proteção de dados para segurança pública gera insegurança jurídica. Além disso, a gestão dos equipamentos tecnológicos também foi abordada na conversa sobre qualificação dos oficiais, que compartilham experiências nas escolas de formação.

A nova viatura da polícia militar do Rio de Janeiro, em fase de teste, o veículo conta com vários recursos tecnológicos, incluindo a conexão com as câmeras corporais.

 

As discussões reforçam os aspectos regionais das polícias militares no arranjo institucional de implementação das câmeras corporais e conectam conhecimentos entre os gestores quanto às estratégias para o cumprimento do devido processo legal. Foram relatadas experiências das corporações em diversos níveis e as integrações com outros sistemas, bem como o impacto nas metas e avaliações institucionais e o cumprimento de ordem judiciais, relacionadas às tecnologias. 

No encerramento do encontro, a equipe do projeto “Câmeras corporais na segurança pública: parâmetros jurídicos para o uso secundário de dados”, apresentou as próximas etapas da pesquisa e materiais que já foram lançados como o episódio 146 do podcast Dadocracia, que apresenta perspectivas nacionais e internacionais sobre a implementação das câmeras corporais no Brasil.

O lançamento do relatório completo acontece nos próximos meses, com a previsão de disponibilização pública do banco de dados coletado, ações de incidência e comunicação, e mais um episódio do  Dadocracia. 

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