O Programa Malhas Digitais tem o orgulho de anunciar os três projetos selecionados na sua primeira rodada de financiamento. Cada um desses projetos foi escolhido após um rigoroso processo seletivo, trazendo contribuições inovadoras e essenciais para o campo da detecção e análise forense de spyware no Brasil. As iniciativas vencedoras destacaram-se por seu potencial de impacto e por abordagens técnicas e educativas que reforçam a segurança digital da sociedade civil. São elas:

O projeto “Aprimorando a cadeia de suporte em linhas de ajuda feminista: Guias de procedimentos para detecção de ameaças digitais avançadas”, da MariaLab, uma organização feminista brasileira sem fins lucrativos que atua na intersecção entre gênero, tecnologias e política. A iniciativa irá desenvolver um protocolo de triagem para casos de ameaças digitais avançadas, com o intuito de dinamizar e facilitar a identificação de casos, principalmente, aqueles relacionados a violência de gênero facilitada por tecnologias.

O projeto “Ferramenta de Análise Forense para Detecção de Spywares em Dispositivos Móveis adaptada para o contexto brasileiro”, da Associação Todas as Letras, uma organização sem fins lucrativos formada majoritariamente por pessoas LGBTQIA+ da área de tecnologia, comprometida em promover inclusão e capacitação tecnológica para grupos vulnerabilizados. A iniciativa desenvolverá uma interface gráfica em português para a Mobile Verification Toolkit (MVT), facilitando a análise forense consensual de dispositivos de pessoas que possam ser alvos de ataques sofisticados de spyware, com foco em lideranças de movimentos sociais, jornalistas e comunidades marginalizadas.

E o projeto “Controle e Vigilância da Presença Online de Corpos Femininos com o Uso de Spywares”, do Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS), que é um centro de pesquisa independente e interdisciplinar, dedicado a produzir e comunicar conhecimento científico sobre os temas de internet e sociedade, defendendo e fomentando políticas públicas que avancem os direitos humanos na área digital. A iniciativa identificará como aplicativos dedicados a usuárias podem ser uma porta de entrada para uso de spyware como prática de violência de gênero.

A escolha dos projetos vencedores contou com o apoio de um conselho técnico de especialistas, que dedicou tempo e conhecimento para avaliar detalhadamente cada proposta, mediante aos critérios: Objetivo; Metodologia; Ineditismo ou Adaptação; Metas e Indicadores; Orçamento e Aplicabilidade. O conselho é formado por:

  • Diego Cerqueira, engenheiro de software e bolsista do programa German Chancellor Fellowship, trabalhando no Instituto Alexander von Humboldt para Internet e Sociedade (HIIG) em Berlim, Alemanha;
  • Lux Teixeira, atua na área de pesquisa,  fundou o “Mycelium Tecnologia”, onde está no cargo de direção, também é Internet of Rights Fellow da ARTICLE 19;
  • Amarelu, desenvolve pesquisa multidisciplinar, atualmente voltada para a proteção de pessoas defensoras de direitos humanos a partir de metodologias e princípios transfeministas, foi fellow da Fundação Mozilla no programa Tech and Society, e atualmente faz parte da Rede Transfeminista de Cuidados Digitais.

Esse mesmo conselho agora participa ativamente da fase de incubação, auxiliando os projetos com mentoria, feedback técnico e suporte estratégico para que eles possam alcançar seus objetivos e criar soluções práticas e efetivas para a detecção de spyware.

Fortalecer a sociedade civil é fundamental para enfrentar o uso abusivo de tecnologias de vigilância e monitoramento, um desafio que afeta diretamente os direitos fundamentais no Brasil e em toda a América Latina. O Malhas Digitais é um passo importante nessa direção, promovendo uma rede de iniciativas que, juntas, ampliam a capacidade de defesa e investigação forense de spyware na região. Com esses projetos, avançamos no combate ao uso de spyware e contribuímos para um ambiente digital mais seguro, transparente e justo.

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